SILÊNCIO PROFANO
Enquanto me calo o silêncio
vai falando por mim.
Com o meu silêncio
muitas verdades ficam ocultas.
Muitos sonhos não
viajam nas palavras que o vento leva.
Com meu silêncio os
covardes se tornam valentes e os valentes silenciam de seus atos de bravuras.
Com meu silêncio o
tempo não para e a vida continua.
Com meu silêncio nada acontece.
Nem você vem para perto de mim.
Com meu silêncio não
escuto as musicas suaves de cantos mil.
Com meu silêncio
somente ouço a voz de meu consciente tentando adormecer meu inconsciente.
Com meu silêncio já não
ouço mais você.
Com meu silêncio nada
mais faz falta para mim a não ser a solidão.
Com meu silêncio as
palavras outras já não são audíveis.
Com meu silêncio já não
me encontro mais aqui.
Com meu silêncio vejo a
minha volta a vitoria da ignorância.
Com meu silêncio sem a oração
do coração, vivo o magistério da compreensão tola.
Com meu silêncio não compreendo
o grito dos náufragos.
Com meu silêncio estou
a voltas com uma multidão sem voz.
Com meu silêncio já não
vejo mais você.
Com meu silêncio tudo
acaba nas mais tolas palavras.
Com meu silêncio já não
existo naquilo que busco.
No meu silêncio tudo é
a mais pura ilusão.
No meu silêncio deparo
na escuridão das vozes que não falam.
Com meu silêncio já não
sinto você.
No silêncio tudo
acontece e nada existe... Tudo vive e nada é... A voz é muda e nada muda...
Tudo vive ou morre e nada
acontece neste silêncio profano!
CARLOS AUGUSTO DE SOUZA
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