OS SONHOS
Os sonhos com seu caráter
enigmático sempre foram e continuarão sendo um tema de busca de esclarecimento
e conhecimento. Sabemos que desde primórdios dos tempos, os sonhos foram
abordados de todas as formas e culturas entre os povos da terra. Os sonhos têm
significados diferentes e acima de tudo, é uma experiência pessoal.
Na maioria das religiões e
culturas é dado caráter premonitório aos sonhos, em algumas culturas os sonhos
são considerados uma expansão da consciência.
Uma prática que vem desde tempos
imemoráveis de várias civilizações é a divinação do futuro através da
interpretação dos sonhos. Esta prática é conhecida como oniromancia ou
brizomancia. A técnica consiste na análise minuciosa das figuras e fatos
ocorridos por parte do oniromante que tece entre eles relações e teias de
significado que são supostamente capazes de apontar acontecimentos em um futuro
próximo.
A oniromancia tem grande
credibilidade nas religiões judaico-cristãs: consta na Torá e na Bíblia que
Jacó, José e Daniel receberam de Deus a habilidade de interpretar os sonhos. No
Novo Testamento, José é avisado em sonho pelo anjo Gabriel de que sua esposa
traz no ventre uma criança divina, e depois da visita dos Reis Magos um anjo em
sonho o avisa para fugir para o Egito e quando seria seguro retornar à Israel.
No Islamismo, os sonhos bons são
inspirados por Alah e podem trazer mensagens divinatórias, enquanto os
pesadelos são considerados armadilhas de Satã.
Filósofos ocidentais eram céticos
quanto ao tema religião e sonhos, por alegarem que não haveria controle
consciente durante os sonhos, mas estudos recentes analisando movimentos dos
olhos (REM) durante o sono mostram resultados cientificamente comprovados com
sonhos lúcidos, que se contrapõem às teorias anteriores.
Pensadores, cientistas e
matemáticos como René Descartes e Friedrich August Kekulé Von Stradonitz também
tiveram em sonhos visões reveladoras. Descartes, em viagem à Alemanha, teve uma
visão em sonho de um novo sistema matemático e científico. Kekulé propôs a
fórmula hexagonal do benzeno após sonhar com uma cobra que mordia sua própria
cauda. O grande pai da tabela periódica, Dmitri Mendeleiev, afirmou ter tido um
sonho no qual era mostrado o modelo da tabela periódica atual.
Para a ciência os sonhos são
experiências de imaginação do inconsciente durante o período de sono do ser
humano. Geralmente os sonhos estão agregados a um desejo reprimido.
Os neurocientistas de modo geral,
afirmam que o sonho é apenas uma espécie de tráfego de informação sem sentido
que tem por função manter o cérebro em ordem.
Em 1900 com a publicação de A
interpretação dos Sonhos, que Sigmund Freud deu um caráter científico à
matéria. Naquele polêmico livro, Freud aproveita o que já havia sido publicado
anteriormente e faz investidas completamente novas, definindo o conteúdo do
sonho, geralmente como a “realização de um desejo”. Para o pai da psicanálise,
no enredo onírico há o sentido manifesto (a fachada) e o sentido latente (o
significado), este último realmente importante. A fachada seria um despiste do
superego (o censor da psique, que escolhe o que se torna consciente ou não dos
conteúdos inconscientes), enquanto o sentido latente, por meio da interpretação
simbólica revelaria o desejo do sonhador por trás dos aparentes absurdos da
narrativa.
O psiquiatra suíço Carl Gustav
Jung, baseado em experiências, tornou mais abrangente o papel dos sonhos, que
não seriam apenas reveladores de desejos ocultos, mas sim, uma ferramenta da
psique que busca o equilíbrio por meio da compensação. Ou seja, alguém
masculinizado pode sonhar com figuras femininas que tentam demonstrar ao
sonhador a necessidade de uma mudança de atitude.
Na busca pelo equilíbrio,
personagens arquetípicas interagem nos sonhos em um conflito que buscam levar
ao consciente, conteúdos do inconsciente. Entre essas personagens, estão a
anima (força feminina na psique dos homens), o animus (força masculina na
psique das mulheres) e a sombra (força que se alimenta dos aspectos não aceitos
de nossa personalidade). Esta última, nos sonhos, são os vilões. Um aspecto
muito importante em se atentar nos sonhos, segundo a linha junguiana, é saber
como o sonhador, o protagonista no sonho (que representa o ego) lida com as
forças malignas (a sombra), para se averiguar como, na vida desperta, a pessoa
lida com as adversidades, a autoridade e a oposição de ideias. Jung aponta os
sonhos como forças naturais que auxiliam o ser humano no processo de
individualização.
Ao contrário de Freud, as
situações absurdas dos sonhos para Jung não seriam uma fachada, mas a forma
própria do inconsciente de se expressar. Para Jung, há os sonhos comuns e os
arquetípicos, revestidos de grande poder revelador para quem sonha. A interpretação
de sonhos é uma ferramenta crucial para a psicologia analítica, desenvolvida
por Jung.
A psicologia e a neurofisiologia tiveram
grandes avanços no tema e tem buscado mostrar os significados do sonhar e dos
sonhos. Mas, o que podemos observar é que ambas áreas da ciência, não conseguem
explicar muitos aspectos do sonhar. A exemplo, os sonhos lúcidos, sonhos
premonitórios também chamados de proféticos.
José Laércio do Egito é médico,
formado pela Universidade Federal de Pernambuco em 1.959, com formação em
clínica geral e cirurgia, tendo posteriormente buscado outras formas de
tratamento como Acupuntura e Homeopatia. Autor de vários livros. E, em um texto
sobre a Visão hermética de Sonhar ele comenta;...“A neurofisiologia não tem como
explicar, por exemplo, um sonho tido por
Dmitri Mendeleiev, que o levou à descoberta da “tabela dos elementos”
a qual veio se constituir um modelo
clássico em química. Uma descoberta pesquisador russo Mendeleiev foi muito
importante e conforme ele declarou, ela apenas lhe foi mostrada através de um
sonho.”...
Existem muitas correntes de
estudo, sobre os sonhos, mas, o que mais encontramos, quando buscamos fazer uma
pesquisa sobre o assunto, é falsas teorias de caráter especulativo. Portanto, é
fundamental termos um cuidado especial em nossas buscas de conhecimento sobre
este tema.
Levando em conta a gama de
pensamentos e correntes filosóficas e religiosas, bem como as cientificas,
podemos concluir com esta busca particular, que devido as incongruências nessas
vertentes, nos leva a entender o porquê de tantas especulações sobre este
enigmático tema.
O surpreendente, é que em alguns
de nossos sonhos são mostradas coisas que ainda não aconteceram, não foram
ainda descobertas e muito menos a existências destas. Portanto, isto nos faz
crer que estes sonhos tem o poder de solucionar nossos problemas pessoais e
grandes enigmas em todos os campos de conhecimento da humanidade.
Todo o buscador deve buscar se
aprofundar nos estudos sobre os sonhos, pois, eles contem grandes verdades que grande parte da humanidade ainda desconhece.
“Deus fala uma vez, e segunda vez não repete uma mesma coisa. Por sonho
de visão noturna, quando cai sopor sobre os homens, e estão dormindo no seu
leito, então abre os ouvidos dos homens, e admoestando-os lhe adverte o que
devem fazer."
Bíblia , Jó, 33-14.
“Somos feitos da matéria dos
sonhos.”
William
Shakespeare
“Sonhar sempre, despertar sempre,
mas para sonhar sempre!”
CARLOS AUGUSTO DE SOUZA
EGITO, José Laércio do - Visão hermética de Sonhar. 2007